quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Esse tal de Machado de Assis

Abaixo segue o texto publicado hoje no Vida Universitária...

Joaquim Maria Machado de Assis. Parece familiar? Tenho certeza que já ouviu algo sobre esse mulato que faleceu aos 69 anos, e sabe que no dia 19 de Setembro de 2008 completou-se seu centenário de morte, data também utilizada pelo nosso presidente para aprovar o acordo ortográfico da Língua Portuguesa.

"Centenário de morte?" Ah, agora lembrou, não é? Claro, com tantos meios de comunicação atualmente falando nesse tal de Machado de Assis! Está em todo lugar: na TV, nas bibliotecas, nas dicas de vestibular, nas escolas... (Aliás, vestibulando, preste atenção nas “datas redondas” que são comemoradas em 2008).

Mas afinal, qual a razão de seu sucesso? Porque as pessoas se apaixonam por sua obra? Por que é considerado o mais importante escritor da literatura brasileira? Através de uma breve análise a seu respeito é possível descobrir.

Ele foi um poeta brasileiro de transição entre o Romantismo e o Realismo. Porém não foi um autêntico Romântico, nem um declarado Realista. Sua obra inicial já apresentava aspectos voltados para ironia e desencanto. Sua visão de amor não era nada idealizada. Tais características ganharam mais intensidade a partir de suas obras com ares realistas. Ele trabalhava com o subjetividade humana. Segundo Dau Bastos, professor de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras das UFRJ, em uma entrevista para o site Olhar Virtual, “...Machado foi um pseudo-romântico e um pseudo-realista.

Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) é considerado o marco inicial do Realismo no Brasil. Nesta obra fica evidente a crítica ao homem bastante presente em sua produção. Afinal, um defunto autor pode ver a humanidade sob outra perspectiva, pois ele não possui mais nada a perder.

A importância do autor para a Literatura Brasileira é exatamente inclusão de um estilo até então não muito presente em nossa Literatura. Ele mistura magnificamente ficção e filosofia. Trás à tona os problemas humanos, como inveja, ciúme e egoísmo, fazendo uma análise psicológica em seus personagens, o que determina a coerência de sua obra.

Outra característica ímpar é a não linearidade de suas histórias. Não há começo, meio e fim marcados claramente. O tempo é determinado pela psicologia dos fatos. É um eterno vai e vem que o leitor só compreende onde está através da subjetividade das situações. E muitas vezes o raciocínio é interrompido para que "converse" com o leitor. É muito comum o diálogo entre autor e leitor.

Machado continua atual. Falava sobre religião, governo, sociedade. Não era tão nacionalista quanto os românticos. Sua obra se passa no Rio de Janeiro, e ele descreveu sua produção simplesmtente como "Brasileira".

Portanto, se você ainda acha que Dom Casmurro é chatíssimo, visite o "Espaço Machado de Assis" idealizado pela ABL (Academia Brasileira de Letras) e apaixone-se pelo escritor. Conhecendo melhor sua vida, a leitura de sua obra torna-se muito mais prazerosa e simples. Depois, dê uma passadinha no Domínio Público e passeie entre as diversas obras de Machado.


Aline Bicudo
é técnica em Informática (COTIL/UNICAMP) e graduada em Letras (FAC Limeira). Atua como Assistente de Programação Web, além de ministrar aulas de Literatura Portuguesa e Brasileira.

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